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2 de junho de 2025
O Antigo Testamento foi uma experiência demorada para a construção das bases fundamentais de toda a História da Salvação. Realmente tudo foi uma gestação bastante longa, que começou com os antepassados, Abrão e Sarai (cf. Gn 11,29), originários de UR, na Caldeia, passando por Abraão e Sara (Gn 17,15), Moisés, os profetas, chegando ao grande acontecimento, a vinda e a vida de Jesus Cristo.
Aquilo que chamamos de embrião em todo o passado, tem uma continuidade no surgimento dos passos do cristianismo. Os fundamentos continuam no Novo Testamento, porque podemos dizer que o grande embrião mesmo foi a vinda do Espírito Santo, no acontecimento de Pentecostes. Ele toma forma ao entregar à Igreja a tarefa de ser sinal de sua presença no mundo.
A Igreja, como expressão viva e concreta do cristianismo no mundo e fruto maduro de uma antiga promessa, se torna realidade visível no testemunho de fidelidade de cada pessoa que procura viver sua fé em Deus. É Jesus mesmo quem disse aos seus apóstolos: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). Este fato é relatado como sendo cinquenta dias depois da Festa da Páscoa, daí, Pentecostes.
Entre os judeus havia a chamada festa das Tendas (cf. Lv 23,34). Por influência dos gregos, esta festa passou a receber o nome de Pentecostes (cf. Tb 2,1). Era a festa das colheitas, quando os agricultores iam a Jerusalém, levando os melhores frutos em sinal de agradecimento a Deus. Passou a ser também gesto de gratidão pelo dom da Lei dada por Deus a Moisés, no monte Sinai.
No Novo Testamento, o entendimento é que a Lei do Decálogo era a presença do Espírito Santo para guiar o povo. Por isto, Pentecoste é o embrião da Igreja, como dom do Ressuscitado na nova História de atuação de Deus na humanidade. Jesus sopra sobre os apóstolos e o Espírito vem em forma de fogo, revitalizando o acontecido nos arredores do monte Sinai (cf. Ex 19,18).
Por causa da solidez da gestação e de seus fundamentos, a Igreja está presente no mundo e continua a missão de Jesus, mesmo enfrentando maus testemunhos, mudanças ligadas à caminhada da cultura, mas está de pé firme. Ainda é uma voz forte voltada para a dignidade e o respeito pelas pessoas mais fragilizadas, porque o Espírito de Pentecostes continua com todo seu vigor em nossos dias.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba