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2 de junho de 2025
Em tempo de Páscoa, a palavra que
mais identifica o destino de quem exercita a vida cristã, é a Ressurreição,
entendida como vida eterna. Perder esse foco é cair num vazio da existência e
da prática cristã, é desvalorizar a perspectiva concreta da fé. A ressurreição
é um projeto e uma meta a ser construída todo dia. De certa forma, é fazer o mesmo
caminho percorrido por Jesus Cristo e pela Igreja.
Falar de destino do cristão, é falar da perspectiva de
futuro da pessoa humana. Mas, um futuro que depende muito do empenho e da
coerência assumida no cotidiano. Usando palavras ditas pelo Papa Francisco, o
destino da pessoa supõe sensibilidade do coração humano, de verdadeira
superação do individualismo pessoal e cultural, e da capacidade de reconhecer
dignidade na vida do outro.
Estamos presenciando o tempo da inteligência artificial. A
própria palavra “artificial” já denota uma realidade de desafio para a cultura
e para o destino das pessoas. Ela não tem coração, não tem aquilo que sintetiza
o que a razão produz, e muito menos a agilidade de uma máquina, quando nos dá,
de imediato, o que pedimos. A falta de sensibilidade do coração faz a pessoa
ficar vazia e violenta.
Estamos no tempo do Espírito, daquele que é capaz de dar
sabedoria divina e um destino de eternidade. Sem isto, as novas gerações não
terão força e nem caminho para superar as agressões, os assassinatos, as
guerras e o total desrespeito ao ser humano e à natureza. Não existe outra via,
a não ser a soberania de Deus, para um destino de elevação a uma vida de
esperança e saudável.
Não podemos ficar no caminho das incertezas e desânimo, como
aconteceu com os discípulos de Emaús. Mas, eles não deixaram de dialogar e
fazer um encontro com o Mestre, mesmo sem o reconhecer de imediato. Descobriram
Jesus no partir do pão, o destino deixou de ser Emaús e voltaram para a terra
da promessa, Jerusalém, onde estava a comunidade dos apóstolos e discípulos.
O destino do mundo depende muito das forças do alto para
refazer o seu caminho, voltar para os trilhos da fraternidade, de respeito ao
outro e das bençãos de Deus. Só assim será possível entender o verdadeiro
sentido da Ascensão do Senhor, como fonte e destino do cristão, e superar o
clima generalizado de medo e de insegurança, que atinge a todas as pessoas dos
novos tempos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba