Aguarde...
5 de maio de 2025
Assistimos o passamento do Papa
Francisco. Hoje ele já não existe mais. Deixou-nos um rico legado de palavras,
de escritos, de documentos, formando uma fecunda e ampla literatura. Além de
tudo, ele fez acontecer a experiência da sinodalidade, um caminho de escuta,
onde cada pessoa tem muito a oferecer, mas precisa saber ouvir o outro, um se
colocando na frente do outro para dialogar.
Na verdade, Papa Francisco se espelhou na Pessoa de Jesus
Cristo, o Bom Pastor, aquele que sabia acolher todas as pessoas que encontrava,
sem fazer distinção e sem discriminação, e as ouvia com atenção. Assim deve ser
todo aquele que se coloca na tarefa de pastor, de ter os ouvidos abertos e
sensíveis diante dos múltiplos e complicados problemas apresentados pelas
ovelhas de seu rebanho.
O mandato de Jesus
Cristo Ressuscitado foi escutado pelos primeiros evangelizadores e o
cristianismo se espalhou para além das fronteiras do povo judeu, nos dizeres do
Livro dos Atos dos Apóstolos, “e até os confins da terra” (At 1,8). Todos os
frutos da escuta devem estar apoiados no testemunho de vida de quem anuncia a
Palavra. Assim aconteceu com os discípulos oculares do testemunho de Jesus.
A fé é uma semente que vem do batismo, mas é alimentada pela
escuta do anúncio e a dinâmica da Palavra de Deus. Faltando essa escuta, o
cristão cai no comodismo e no indiferentismo diante da mensagem do Evangelho.
Por outro lado, escutar é comprometer-se com a verdade, a justiça e o amor, que
são características próprias da identidade de Deus, que fala, com voz forte, no
coração das pessoas.
A mensagem bíblica tem o sentido de clarear a mente dos
ouvintes em relação aos ensinamentos do Senhor, principalmente diante da
situação de indignidade de todo ser humano, quando está mergulhado nas marcas
da injustiça e das inverdades. Ouvir Deus falar, através dos comunicadores da
Palavra, é descobrir qual é o destino da humanidade, que tem foco na vida plena
e eterna.
Existe também a voz dos mercenários e inescrupulosos, que
camuflam a voz do Pastor e usam dela para sua promoção pessoal. As mentiras são
causadoras de divisão, porque sua fonte não tem sustentação. Mas são ouvidas
pelos ouvidos despreparados e de fácil manipulação, gerando até contestação ao
ensinamento do Senhor. Tentam transformar as mentiras, fake News, em verdades.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba